Ao longo dos últimos anos, atendendo centenas de famílias e empresários, percebi uma verdade incômoda: construir patrimônio é um desafio enorme, mas protegê-lo e transferi-lo com inteligência é ainda mais difícil.
Muitos acreditam que sucessão patrimonial se resume a herança. Mas, na prática, sucessão é sobre algo muito maior: é sobre continuidade, sobre legado, sobre garantir que aquilo que você construiu ao longo da vida não seja destruído em poucos meses por disputas familiares ou pela ausência de planejamento.
E eu falo isso com a experiência de quem, por cinco anos consecutivos, esteve entre os Top 100 Advisors da Prudential no mundo. Já vi fortunas desaparecerem em inventários mal conduzidos, e também vi famílias preservarem tudo não apenas com dinheiro, mas com harmonia.
Por que falar sobre sucessão patrimonial agora?
A maioria das pessoas deixa esse assunto para depois. E o problema é que o “depois” muitas vezes não chega.
No Brasil, o processo de inventário pode consumir até 20% do patrimônio em impostos e taxas. Isso sem contar os custos emocionais: famílias desestruturadas, irmãos brigando por bens, empresas sendo vendidas às pressas para pagar dívidas fiscais.
Quando não existe um planejamento prévio, o patrimônio pode ser um fardo em vez de uma bênção.
O mito da blindagem patrimonial
Você já deve ter ouvido a expressão “blindagem patrimonial”. Eu mesmo recebo clientes todos os dias perguntando como “blindar” seus bens.
A verdade é: blindagem patrimonial não existe. O que existe é planejamento patrimonial.
Uma holding mal feita, sem governança e sem regras claras, não protege nada. Pelo contrário, pode abrir espaço para ainda mais conflitos. O que realmente funciona é um conjunto de estratégias jurídicas, societárias e financeiras que se complementam:
- Estrutura societária organizada.
- Acordos claros entre herdeiros ou sócios.
- Instrumentos jurídicos que definem quem toma as decisões.
- Seguros estratégicos que garantem liquidez imediata.
É a soma de tudo isso que cria proteção e não uma solução mágica.
Holding e acordos familiares: a base da harmonia
Imagine que você é dono de uma empresa que construiu em 30 anos de trabalho. Ao partir, sem planejamento, essa empresa pode cair nas mãos de vários herdeiros sem experiência em gestão.
É aqui que entram as holdings e os acordos de acionistas. Eles servem para:
- Centralizar o patrimônio de forma organizada.
- Definir como as decisões serão tomadas.
- Evitar que disputas pessoais inviabilizem a gestão.
Uma holding não é apenas uma questão fiscal ela é um instrumento de governança.
O papel estratégico do seguro de vida
Outro ponto que poucos entendem é o valor do seguro de vida dentro da sucessão patrimonial.
Muita gente enxerga o seguro apenas como proteção em caso de morte. Mas, estrategicamente, ele pode ser o financiador da sucessão.
Já atendi uma família em que o patrimônio era altamente ilíquido — imóveis e uma empresa. Quando o patriarca faleceu, os herdeiros teriam que vender ativos às pressas para pagar impostos. O seguro, no entanto, deu a liquidez imediata que permitiu preservar os bens.
Sem esse recurso, boa parte do patrimônio teria se perdido.
Histórias reais que mostram o impacto
Sem citar nomes, quero compartilhar duas histórias que vivi:
- Uma família empresária que, sem planejamento, perdeu quase 40% da herança em impostos e processos judiciais. Além disso, os irmãos romperam relações, e a empresa teve que ser vendida.
- Outra família, que começou o processo cedo, estruturou uma holding, fez acordos claros e utilizou seguros estratégicos. O resultado foi oposto: patrimônio preservado, empresa em crescimento e harmonia familiar intacta.
Esses exemplos mostram que o destino do patrimônio não depende do tamanho da riqueza, mas da qualidade do planejamento.